Post Malone foi a principal atração do festival VillaMix, que aconteceu neste sábado (21), na Neo Química Arena, em São Paulo.
O cantor subiu ao palco às 23h30, do jeito mais simples – e já característico possível -, com um jeans largo e uma camiseta com a frase: “Eu preferia estar no Brasil”. Não demorou até ficar descalço também, e extremamente à vontade.
Para explicar (o talvez inexplicável) momento atual do Post Malone, primeiro precisamos voltar um pouco no tempo.
Post Malone surgiu na música como um grande nome do trap, e estourou nas paradas musicais com seu segundo trabalho. O disco “Beerbongs & Bentleys” (2018) trouxe hits como: “Rockstar” e “Better Now”.
No ano seguinte veio o “Hollywood’s Bleeding”, com sucessos como: “Circles”, e a inusitada parceria com Ozzy Osbourne na faixa “Take What You Want”.
O cantor conquistou um público ainda maior com a música “Sunflower”, trilha sonora da animação “Spider-Man: Into the Spider-Verse”.
No período da pandemia, Post Malone fez uma live impecável no Youtube tocando somente Nirvana, e exibindo ainda mais suas raízes formadas também pelo rock.
Logo em seguida, vieram mais dois discos: “Twelve Carat Toothache” (2022) e “Austin” (2023).
Os álbuns já demonstravam uma mudança na música de Malone: a presença de faixas mais “pop” e “pop rock” alternativo, com direito a baladas como “Overdrive”.
E então, chegamos ao presente: o lançamento do disco “F-1 Trillion”, um álbum country.
Post Malone havia se reinventado.
No show do festival VillaMix, o cantor passou por todas as suas fases: o pop, o rock, o trap e o country, tudo isso com direito a uma banda de apoio espetacular.
Talvez essa capacidade de mutação e versatilidade seja seu maior talento.
Mas não é somente por ser um grande músico, elogiado recentemente por Taylor Swift, com quem gravou uma parceria, que o torna tão especial.
Post Malone não sabe dançar. Ele se move desajeitadamente, enquanto puxa o jeans que fica caindo durante a performance. Mas ele não precisa ser um exímio dançarino.
O show do cantor têm efeitos pirotécnicos: não faltam labaredas de fogo e fogos de artifício. Mas ainda não é isso que torna um show dele único.
Post Malone esbanja carisma. Enfia o microfone no bolso da calça, enquanto faz passos divertidos no palco. Caminha pela passarela e interage com seu público. Público? Fãs? Talvez não.
Post Malone trata sua plateia como se estivesse na sala de sua casa com um grupo de amigos íntimos.
Ele se abaixa e conversa com todos, cumprimenta, pega chapéus, bonés e óculos.
Faz pequenas pausas entre as músicas para conversar com as pessoas e dizer para elas o quão importante é cada uma delas.
Sempre carregando um cigarro entre os dedos, “Posty” saúda o público erguendo sempre o copo de bebida enquanto propõe um brinde simbólico com seus fãs, e diz: “Cheers, Motherfuckers”, e, em seguida, faz corações com as mãos e distribui beijos carinhosos.
Uma atitude um tanto quanto controversa a julgar (de forma errada), o seu visual. Post Malone é todo tatuado, e tem várias tattoos no rosto. Mas, ao invés de parecer uma “estrela do rock rebelde”, parece um amigo gentil e engraçado.
O show, versátil, comprova o talento que o cantor tem de transitar por diversos gêneros, de um jeito leve. Tudo parece uma grande festa, uma celebração.
A performance do VillaMix teve hits de diversos momentos de sua carreira, como: “Better Now”, “Circles”, “Sunflower”, “Guy For That”, “Congratulations”, e seu mais recente single country, “Pour Me a Drink”.
Um dos momentos mais marcantes foi durante a música “Stay”, em que um fã subiu no palco e acompanhou Malone tocando violão.
Eu, enquanto jornalista há mais de 20 anos, e fã assumida de Post Malone, posso afirmar que um show dele é inacreditavelmente delicioso de se ver.
Não somente pelo grande músico que ele é, mas pela maneira carismática, feliz e grata com que ele conduz a performance. Não há uma música em que ele não se entregue, não sorria, ou não se emocione.
A sensação que nos deixa é a de que ele não está ali somente por um contrato, ou o dinheiro que movimenta a indústria musical. A impressão que ficamos é que Post Malone ama o que faz, e genuinamente se diverte nos shows, tanto quanto seu próprio público.
Sem mais delongas no texto, que já se estende para além do que previ, acho que música no final das contas é sobre isso: sentir e festejar com os seus. E que os efeitos pirotécnicos fiquem sempre em segundo plano.
Volte sempre, Post Malone. Cheers!