Começo esse artigo explicando que, embora eu seja jornalista, esse texto não tem a menor pretensão de ser uma “crítica musical”, ou algo do tipo. Muito pelo contrário. A ideia desse texto é que ele seja um depoimento transparente e escancarado de uma fã. Uma simples e dedicada fã.
O ano era 1997, e eu ainda consigo me lembrar, como se fosse hoje, de ter 12 anos e pedir dinheiro para o meu pai para comprar mais um pôster do Hanson que havia saído nas bancas de jornal, com fotos inéditas dos irmãos.
Claro que, para o meu pai, o trabalho era ainda mais árduo. Afinal, eu não era a única fã em casa. Minha irmã Karen, cinco anos mais jovem que eu, também amava/ama os meninos. Portanto, meus pais tinham de comprar sempre tudo em dobro: revistas, pôsteres, CDs, e incontáveis edições das revistas adolescentes da época: Atrevida, Capricho, TodaTeen, e por vai…
Ao lado de nossa prima, Beth, participamos de todo o tipo de concursos e promoções para tentarmos ser notadas pelo Hanson. Chorávamos frente à TV a cada nova entrevista, tentávamos traduzir as letras das músicas através dos encartes dos álbuns (a internet não era uma realidade acessível ainda!), e chegamos a escrever cartas quilométricas e apaixonadas pelo trio.
Cheguei a apresentar um trabalho de artes na escola, e meu tema era o Hanson. Falei sobre os irmãos, sozinha na frente da classe, com direito à zombaria de alguns garotos que cochichavam aos risos: “eles parecem meninas”.
Naquela época, eu contava para todos o futuro que eu imaginava: “um dia, serei jornalista, vou trabalhar com música, e, vou entrevistar o Hanson”.
No ano 2000, quando eles vieram para a turnê do disco “This Time Around”, lembro o esforço dos meus pais em alugar uma Kombi (isso mesmo!) para que pudéssemos chegar ao antigo Credicard Hall em segurança, já que táxi era muito caro, o Uber sequer existia e a gente morava muito longe da casa de shows.
Assisti ao show do Hanson com minha irmã e meus primos, de lá da plateia superior – um lugar longínquo, onde só era possível ver três cabeças louras se movimentando pelo palco. Porém, fomos muito felizes naquele dia (foto).
O tempo foi passando, e, eu realmente me tornei jornalista. O amor pelo Hanson nunca morreu. Seguíamos acompanhando os passos dos meninos, que já não eram tão meninos – aliás, já estavam casados e com muitos filhos – , porém, eles nunca pararam de tocar, e de lançar álbuns cada vez mais maduros.
Mas, foi só no mês de agosto deste ano, que surgiu a oportunidade de entrevistar o Hanson por vídeo (via Zoom), e eu quase enlouqueci. Era a realização de um sonho de uma vida inteira. Usando uma camiseta com a foto deles, contei através da câmera que eu havia me tornado jornalista por conta deles. Era meu plano. Virar jornalista para um dia falar com eles.
A reação dos irmãos não poderia ter sido melhor: Zac Hanson, o mais novo dos irmãos, fez um discurso, animado, dizendo que aquele era um exemplo incrível sobre persistir em um sonho, ter uma real motivação e correr atrás de um objetivo. Os três até aplaudiram minha conquista profissional. Tudo já parecia melhor que um sonho. Mas a história não termina nesse capítulo…
Quando pensei que ali eu havia “zerado” a vida, surgiu uma nova oportunidade. Dessa vez, eu iria entrevistá-los pessoalmente, nos estúdios da MIX, durante a passagem dos irmãos pelo Brasil, com a turnê “RED GREEN BLUE”.
E lá estava eu, sentada em uma poltrona, ao lado deles. O olhar dos três irmãos atentos e receptivos me observando é algo que eu eternizei na mente. Por fora, eu era a jornalista cheia de perguntas “técnicas” sobre o novo disco e a turnê pelo Brasil.
Por dentro, eu era uma adolescente aos berros e choros. Queria dizer o quão importante eles eram para mim. Queria externar toda a emoção guardada por 25 anos. Enfim, me controlei até onde consegui…
Fiz as perguntas, e no final, mostrei minha tatuagem, com o símbolo da banda riscado para sempre na pele do meu braço. Os três pareceram espantados, porém, gratos pela dedicação e carinho. E, cá entre nós, não existem fãs mais leais que os fãs brasileiros.
No sábado, dia 15 de outubro, dois dias após a entrevista, fui ao Espaço Unimed em São Paulo para acompanhar as ouvintes da MIX vencedoras da promoção do encontro com o Hanson, e pude também assistir ao show.
Durante quase 2 horas e meia de apresentação, fiquei quase que em transe.
A cada música que o Hanson tocava, um filme passava pela minha cabeça. Quantas vezes liguei na MTV para pedir pelo clipe de “This Time Around” ou “If Only”? Quantas vezes tentei decorar a complexa letra de “A Minute Without You”? Quantas incontáveis vezes eu chorei ouvindo “I Will Come To You”, ou coloquei no volume máximo a faixa “Can’t Stop” em casa? Quantas vezes não pensamos em ter uma música com nosso próprio nome, como as felizardas “Lucy, “Juliet”, “Penny” e “Madeleine”?
Pulei, gritei, chorei e cantei cada música como se o tempo não tivesse passado. Como se aqueles três irmãos, ali no palco, ainda fossem a razão de tudo, inclusive de eu ter chegado até lá.
Lógico que é muito importante sermos profissionais e entregarmos um resultado incrível em nome da empresa que representamos. E, no meu caso, sou extremamente grata à MIX pela confiança e pela oportunidade de realizar esse sonho dentro da minha profissão e do cargo que já desempenho há uma década na rádio.
Mas, nós nunca podemos esquecer que música é algo totalmente passional. A música acessa as nossas memórias e as nossas mais profundas emoções, sejam elas tristes ou felizes, trazendo à tona quem somos de verdade. A nossa essência.
Obrigada, Isaac, Taylor e Zac Hanson por terem feito parte da minha vida e por serem, em parte, responsáveis por quem eu me tornei: uma dedicada jornalista e uma eterna fã.