
Aconteceu na noite deste sábado (19) o último show em São Paulo da turnê de despedida do Natiruts, “Leve Com Você“.
Depois de passarem pela capital paulista em agosto do ano passado e seguirem por diversas cidades do Brasil, Alexandre Carlo e Luís Maurício retornaram ao estádio Allianz Parque para trazer uma última vez toda a positividade e o alto astral único do Natiruts.
Apesar da frente fria que se alastrava pela cidade de São Paulo, rapidamente o calor do público falou mais alto na abertura “Presente de um beija-flor“, que contou ainda com a presença de um carismático e colorido beija-flor no telão.
Após manter a energia do show e reafirmar a alta qualidade musical dos músicos da banda nas seguintes “Andei Só” e em “Meu reggae é roots“, o vocalista da banda, Alexandre Carlo, teve sua primeira interação com o público.
“Hoje finalizamos esse ciclo dessa forma maravilhosa nessa capital maravilhosa que recebeu a gente tão bem desde 1998. A gente sabe que é importante falar do passado e planejar o futuro, mas gostaria que hoje a gente vivesse o presente aqui em São Paulo: tudo vai dar certo!”, disse o líder do Natiruts ao introduzir “Tudo vai dar certo“.
Ao introduzir “Glamour Tropical (Rio em dias de paz)“, Alexandre Carlo compartilhou ainda o bastidor de que a música havia sido gravada originalmente em São Paulo – apesar da referência à cidade carioca no título da faixa – fazendo com que o público paulista se sentisse, de alguma forma, ainda mais próximo do grupo. Na sequência, chegando a um dos ápices da noite, “Leve Com Você” e sua mensagem de guardar só as coisas boas, animou o público de tal forma que mostrou porque foi a faixa escolhida para batizar a turnê de despedida.
Destacando o talento das backing vocals da banda em especial na performance de “Iluminar“, Alexandre Carlo reiterou ainda que o espetáculo da noite era dedicado especialmente para o público fiel do Natiruts. “Ao longo dos anos, surgiram alguns mitos de vocês pra nós, e o mais presente era o ‘toca das antigas’. Já que vocês inventaram isso, nós preparamos então um set só com as antigas”, anunciou o líder da banda antes das músicas “Reggae de raiz” e “Pedras escondidas“.
Próximo da metade do show, após o clima festivo de “Dentro da música II“, com destaque para a performance dos trompetes, “Dois planetas” trouxe um clima mais suave e noturno para o Allianz Parque, com o figurino brilhante de Alexandre Carlo em destaque no centro do palco. O ritmo mais lento também sucedido em “A Cor” e no início de “Você me encantou demais“, para retomar em seguida o som animado do reggae, celebrado com uma explosão de confetes de papel.
Exaltando as raízes tropicais presentes para além do Brasil, a performance feita com maestria pelas backing vocals e toda a banda fosse não apenas um dos momentos de destaque do show, mas também o aquecimento perfeito para “Sorri, Sou Rei“, um dos principais sucessos da carreira do Natiruts e uma das músicas mais esperadas da noite.
Após toda a energia de “Naticongo“, o público foi ainda surpreendido pela inclusão de “Pérola Negra” no repertório da noite, com uma saudação de Alexandre Carlo ao compositor Luiz Melodia. “Aqui em São Paulo a gente pode qualquer coisa, principalmente viver, sorrir e, claro, cantar com a gente“, disse o vocalista antes de conduzir o público diretamente para o ano de 2002 com a faixa “Espero que um dia“, do álbum “Qu4tro”.
Um dos pontos interessantes sobre o show do Natiruts em São Paulo foi a presença de pessoas de outros países da América Latina, como Peru e Argentina. Tal fato, que não passou despercebido pelos olhos de Alexandre Carlo, fez com que o artista exaltasse a importância do Caribe no som da banda. “Quando você está lá sentindo aquele cheiro, olhando aquelas paisagens e tomando uns bons drinks, não tem como não se influenciar por essa cultura. E essa canção vem exatamente desse lugar”, introduziu a dançante “Good Vibration“, que ganhou um groove ainda mais especial com o solo feito pelo saxofonista.
Dando continuidade às surpresas da noite, após uma performance bastante engajada pelo público de “O carcará e a rosa“, Alexandre Carlo atendeu a pedidos de canções antigas feitos pelo público mais próximo do palco, e não incluídas no repertório original do show. “Mano Velho” e “Una vez más“, ambas do final dos anos 90, resgataram a memória afetiva não apenas do público, que acompanhou perfeitamente os versos, mas também dos próprios Alexandre Carlo e Luís Maurício ao relembrarem o começo da história do Natiruts.
Após a dançante “Groove bom” e, mais uma vez, destaque os instrumentistas de sopro, o vocalista do Natiruts fez uma reflexão sobre sua relação de tantos anos com a cidade de São Paulo. “É importante reconhecer o trabalho do outro para podermos progredir melhor. A inspiração dessa música, é um reflexo também dessa mistura tão maluca de vocês aqui de São Paulo e que dá bom pra caralho!”, disse o cantor sobre o hit “Natiruts Reggae Power“, cantado com êxtase pelo público e acompanhado por jatos de fogo vindos do palco.
Emendando a homenagem à capital paulista, Alexandre Carlo trouxe o contexto do momento pessoal que vivia na época do lançamento do álbum “Nossa Missão”, reiterando o intuito literal do disco na busca pela felicidade, contido em especial na memorável “Quero ser feliz também“. O momento, que já era de grande emoção, foi ainda uma ode à espiritualidade com uma reverência direta à figura de Iemanjá, cuja imagem apareceu no telão para o encerramento da música.
Aumentando o clima de comunhão que se estendia por mais de 2 horas, as seguintes “Semente Nativa” e “Em Paz” foram marcadas por um forte coro do público, e milhares de lanternas dos celulares tomando conta do estádio. “São Paulo, independente do que digam por aí, nunca parem de sonhar”, comentou Alexandre Carlo ao som de um caprichado solo de saxofone, que condizia perfeitamente com a palavra “paz” formada pelos refletores acima do palco.

Exaltando a essência do gênero que fez o Natiruts despontar como um dos principais nomes do país, a banda fez uma homenagem à cena do reggae fazendo um “pupurri” da autoral “Eu e Ela“, “Waiting in Vain“, do Bob Marley, e “Vamos Fugir“, do Gilberto Gil.
Despedindo-se oficialmente do público de São Paulo, o Natiruts encerrou o show com a marcante “Liberdade pra dentro da cabeça“, inspirada no céu do cerrado brasileiro e que integrou o primeiro álbum do grupo brasiliense, quando ainda era chamado Nativus. Diante do intenso e emocionado coro das milhares de pessoas que estavam no Allianz Parque, a banda agradeceu a presença e energia de todos reiterando que “este ciclo agora se fecha de forma tão bonita, para que outros possam começar da mesma forma“.